O MEU ESPELHO
Não
vejo o meu rosto refletido no espelho de Ovídio, não sou aquele “que
Narciso acha feio o que não é espelho” sou apenas um homem em busca
de uma metamorfose “perfeita”, ou não, quebro, dobro, sangro e constantemente
aprendo. Não quero acordar pela manhã transformado em uma espécie monstruosa de
inseto, como na novela escrita por F. Kafka.
Constantemente tento quebra estes espelhos que normativa o meu eu, sou muito
mais do que tuas íris possa ver, estou além das percepções aparentes, pois só
eu sei as dores que trago comigo e é graças a estas dores, angustias e
decepções que sou o que sou, ou não.
O
meu espelho é uma morada dos Deuses, não é apenas La venus del espejo
da pintura de D. Velázquez. A pintura é como a vida, não
há sentido aparente nas coisas, nós a representamos e damos-lhe significado
seja na obra de arte ou na vida. Então, para que serve o meu espelho?
O
mesmo é o reflexo do grande homem ao qual quero ser, assim todos os dias ao
deitar e acordar, no vai e vem da vida, somo, subtraio e multiplico, aproprio
do outro o que quero ser, ou não, apenas sou hoje o que não aparentava ontem.
Assim
caro leitor ou leitora, veja o outro além das percepções visíveis, não o julguei,
aprenda, conviva, respeite e acima de tudo não queira quebra o espelho que reflete
o belo do outro, mesmo que para você o belo não se apresenta no outro.